sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Coisas da vida

"Jornal é prestígio. Televisão é popularidade. Rádio é prazer. Por que ele vai com a gente ao banheiro, à escola, ao ônibus, pra cama, pra cima, pra baixo.
O rádio fala. Mas também ouve." - Por Mauro Beting, aqui



Quando entrei na faculdade de jornalismo não sabia muito bem o que queria. Aliás, queria escrever, afinal. Mas sem qualquer pretensão. Não sabia para quem, por quem ou sobre o quê. Tão pouco tinha uma empresa favorita para destinar meus esforços. Falando a verdade, estar na faculdade já era a realização de um sonho, já era uma vitória. Não tinha pensado no depois.

Aos poucos as coisas começaram a ficar mais claras. Para me encontrar e saber como seguir voltei ao passado, à essência. Lembro de, com sete anos de idade, jogar três dentro, três fora, com os meninos da rua. Para desespero da minha mãe. Ali, sem saber, já lutava contra diversos pré-conceitos. E tinha uma tática: era a dona da bola. Assim, se eu não jogasse ninguém jogaria também. Sábado era uma festa. 


Os domingos, porém, eram sagrados. Sentava no sofá para acompanhar os jogos do meu time. Os olhos vidrados na tela. O mais legal de tudo era a torcida: “Pai, quando é que você vai me levar no estádio?”, perguntava ao meu velho. “Um dia, filha. Um dia!”, ele esquivava. E nem mesmo quando o jogo não era televisionado, eu deixava de acompanhar o campeonato. Corria para a garagem, me trancava no Uno Mille 1.0 cinza, ligava o rádio e caçava uma estação que estivesse transmitindo a partida. Na hora do gol, enchia o pulmão de ar e acompanhava o narrador: “goooooooool é do Corinthians”. 


No segundo ano de curso já tinha definido sobre o que queria falar e de repente tudo parecia muito óbvio. De primeira, o mundo do jornalismo esportivo parecia ideal e muito divertido. Foi quando fui apresentada à Filomena Salemme e sua paixão pelo rádio. Ensinava a partir das suas experiências, respirava rádio. Levou os alunos até ele e trouxe a rádio até a gente. Me inspirou. Por coincidência, a essa altura, estava estagiando numa Web Rádio. Sem qualquer salário, apenas com muita fome de bola. 


Por fim, apaixonei-me de vez. Todo dia era domingo, de sol, de Pacaembu. Aprendi muito. E nessa caminhada encontrei outras pessoas responsáveis por manter o fogo dessa paixão acesa. Quase que me fazendo esquecer que um dia estive perdida. Pois, para a minha surpresa, pouco tempo estava de fato empregada, com salário e vale refeição, coordenando, colocando no ar - e por vezes comentando - quatro transmissões simultâneas. Era um misto de tudo: eu, futebol, internet e rádio. 
Realizei sonhos que nem sabia que existiam. Me encontrei. 

Hoje, trabalho com televisão, tenho a vontade de trabalhar com texto. Mas, como disse Mauro Beting rádio é prazer, diversão e paixão.

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