domingo, 27 de dezembro de 2009

O que se faz constante

É ele quem chega de novo. E chega sempre assim, em meio a certezas e dúvidas. Se faz muitos, ao mesmo tempo, marca o começo e o fim, e quase sempre é a continuação. Derrama lágrimas e distribue sorrisos. É, sem dúvidas, o mais dúbios de todos. Há quem goste, e é difícil quem não.

Quase sempre chega de mansinho, meio como quem não quer nada. Digamos, silêncioso. E apesar de constante, consegue sempre nos surpreender. É incrivel: quando menos esperamos, damos de cara com ele. Ali, parado, nos encarando de fronte. Assim, próximo, próximo.

É caracteristico seu: promessas, pedidos e mudanças. Quantas histórias não se ouve e não se fala. Mentiras e verdades que se entrelaçam. Desejos que, por vezes, são expostos ou não. É verdade, torna a nós, mais sensíveis. E ainda mais, faz-nos esperançosos.

Vem quase sempre em missão de paz, vestido de branco. Pode ser molhado ou seco, muito ou pouco. E ao contrario do antes, sua chegada, é uma virada barulhenta. Barulhenta e cheia de luzes. Abraços e comprimentos seguem. Na maioria das vezes, após taças e mais taças serem levantadas.

A contagem regressiva e as boas vindas. Mas, nem parece ele. Só vai mostrar a que veio alguns dias depois. Assim, acostumamo - nos com ele de novo. Que passa de novo a normal e de normal a velho. Muitas coisas perdem-se no caminho, algumas outras encontram-se e a maioria delas vem de surpresa, assim como tem que ser.

E é sempre assim. Que venha 2010.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A janela

"Keep you in the dark you know they all pretend Keep you in the dark and so it all began // Send in your skeletons sing as their bones go marching in...again. They need you buried deep, the secrets that you keep are at the ready. Are you ready? I'm finished making sense. Done pleading ignorance (...)"

A noite se tornou a pior parte do seu dia e ela não sabe como isso aconteceu. Logo pra ela que sempre achou na lua a sua melhor companhia. Admirava àquela imensidão preta e contava as estrelas, enquanto esvaziava a mente. Sorria.

Aos poucos, não tinha tempo para mais nada. A rotina diaria ocupava-lhe por completo. Não deixando espaço para as palavras, os pensamentos soltos. Ou até mesmo para uma cerveja na mesa do bar, um telefonema. A janela permanecera fechada, o sol não entrara, a lua não aparecia mais.

O riso cessou. Deu lugar as lagrimas. Ao atravessar a porta do quarto, já não era a mesma; o computador distraia-a por algumas horas. Buscava na tela algo que não sabia bem o que era. Se perdia em conversas vagas.

Sempre preferiu o profundo ao superficial. Mas, agora não tinha como. Tinha que contentar-se com aquilo. Era meio como um tudo ou nada. Diz o ditado: 'tem que se abrir mão de algo para se conseguir outras coisas lá na frente'. Ela sabia. Assim o fez. Ou tentou fazer.

O travesseiro, a cama, o edredon. Uma agonia no peito, um aperto que chegava aos olhos - a essa altura desbotados -, pensamentos uns por cima dos outros, com e sem sentido. O passado, o presente e o futuro se misturam; e num piscar de olhos a imagem vai se desfazendo.

Se encolhe, se encolhe. Grita, chora. Morde. Pára. Levanta, abre a janela, sente o vento, ascende o cigarro, respira fundo. As lágrimas ainda caem, volta pra cama. E a lua vem lhe dizer: é dezembro, durma bem.