sábado, 29 de dezembro de 2007

"Noite de verão"



A noite vem quente.

E um pouco inquieta.

Calma e meio descontente.


Na cama e sem conseguir dormir,

Cantarolo a canção que me ensinou,

De forma inconsciente.


Abraço o travesseiro e busco o seu perfume.

Enrolo pela cama, procurando seu corpo.

Já não estão mais lá.


Mágica? Loucura, talvez.

Mas, já sinto você e o seu cheiro,

Que volta a pairar no ar.


Meus secretos segredos

A noite veio revelar.


Vontades, devaneios.

Ela veio me causar.

E lógico, em meus sonhos,

Só você poderia estar.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Seguindo em frente

"E talvez não seja assim tão fácil. E talvez assim seja melhor. E talvez cada um reme para um lado. Mas, os mares que te cercam, talvez, sejam iguais aos meus. E a gente segue em frente!"


A noite é longa, com o desejo de que não acabe, mas, já acabou. Olho ao redor e, em minha volta, pingos de chuva, lágrimas.

Não quero sair de onde estou, parece que ali estou protegida. Mentira! A chuva está em cima de mim, também. Pois, me sinto molhada. Estou em lágrimas como todos os outros.

Tento me aquecer junto aos amigos. É chegada a hora de voltar. Estou em casa já. Com a cabeça no travesseiro, com o rosto molhado, ouvindo a chuva cair: “Cai a chuva e molha o meu amor”.

Lembro de tudo. Lembro de minutos atrás, lembro da primeira vez. Lembro querendo não lembrar. O que me fazia tão bem está doendo aqui dentro, está tudo ao contrario. Não tem nada certo.

A hora não passa mesmo. Olho o relógio de cinco em cinco minutos. 04h15min AM, 04h30min AM. É um misto de calor e frio. Não sei o que eu sinto: “Sente um frio e um calor que vai e vem, mas, não sabe bem o que é essa sensação. Isso é uma arte do seu coração”.

Devaneios. Consigo dormir, 05h30min. Era isso que o relógio do celular marcava pela última vez. Enfim, o sono e um novo dia. Que amanhasse feio, feio. Triste.

É o universo conspirando, sabe? Perdeu-se a cor, o dia está cinzento e as nuvens estão carregadas. A chuva ainda cai, como se lá em cima, ELES também estivem chorando.

Sinto-me mesmo assim: Pesada, molhada, cinza. É triste. É amedrontador. É novo. E, “o novo sempre vem”.

O que eu posso dizer? O que eu posso fazer? Deixem o vir. Por que, eu? Eu vou seguir em frente.

sábado, 15 de dezembro de 2007

"Manhã de Sábado"

"Coisas que eu sei, o meu rádio-relógio mostra o tempo errado. Aperte o play. Eu gosto do meu quarto, do meu desarrumado, ninguém sabe mexer na minha confusão. É o meu ponto de vista, não aceito turistas, meu mundo tá fechado pra visitação. Coisas que eu sei, o medo mora perto das ideias loucas."


O Sol saiu cedo, mais cedo do que o esperado. 9:30 da manhã e, eu já estou na rua. A claridade encomoda os olhos. Minha cara e meu humor são os mesmo, péssimos!

Nada pior do que acordar com o telefone tocando, em plena manhã de sábado, e ser engano. E, ao voltar para a cama, ter a animadora noticia: "Seu pai vai precisar de você hoje. Não pude ir...". Claro, tentei resistir. Virei de lado, cobri a cabeça...

Logo a consciência pesou. É só uma manhã de sábado, não seria muito esforço. Afinal, eles se esforçam a 18 anos, por mim.

O mal-humor é inevitável, porém, já pode ser visto um leve sorriso em meu rosto, que os clientes retribuem a mesma maneira, assim meio desanimado.

A hora não passa, não tenho muito a fazer. Comprei o jornal, dei uma folheada, tentei dar uma aprofundada na leitura mas, os olhares amedrontadores do meu pai, não me deixaram.

Monótono. A preguiça e o sono quase tomam conta de mim. Penso na vida e em tudo o que está se aproximando. Tento fazer a ficha cair, tento aceitar que o futuro é mesmo incerto. Exito em não fazer planos, tarde demais. É inevitável.

Os últimos meses têm sido assim: uma mistura de sorrisos e lágrimas. Sem saber se é certo ou errado, bom ou ruim. São mais três dias. Dias, esses, muito dolorosos.

Me perco nos pensamentos, os olhos começam a encher d'água. Não posso, não posso. É hora de parar. Parar de pensar. Sou interrompida por mais um cliente: "Moça, moça! Um café, por favor!". Estou desatenta, longe. E ele insiste. Sirvo-lhe, então, o café. O troco, eu cobro errado, ele me corrige, eu me desculpo com um sorriso tão sem graça quanto os anteriores.

Olho o relógio que marca meio-dia e meia. Confirmo no celular, procurando uma maneira de sair dali, daquele mundo de pensamentos. Não, não tem nenhuma SMS ou ligação perdida, que eu possa retornar, tentativa em vão. Lógico, penso comigo, a esta hora eu estaria durmindo. Todos devem estar fazendo o mesmo, que sorte!

Mais uma vez sou interrompida, desta vez, pela fome. Junto com ela, os clientes. Parece que todos tiveram fome agora, junto comigo. Que maravilha!

O balcão está lotado. Tem gente me chamando: uma, duas, três pessoas. Tenho então que me despedir dos pensamentos, que insistem em não ir.

Fazem três horas que estou aqui. Alguém me pediu café?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

"Purificação"

"Mas eu sinto que eu tô viva, a cada banho de chuva que chega molhando meu corpo"

Já é noite, está chovendo. A janela estava fechada e, num ato contraditório, fui abri-la. Queria ouvir a chuva. Queria poder sentir. De bruços na janela, sentindo o vento bagunçar meus cabelos, me perco em meio à imensidão do céu azul escuro, em meio aos meus pensamentos.

Às vezes choro. Às vezes rio. E a vida segue. A chuva também. Ela está mais forte. Já posso sentir as gotas em meu rosto. Misturam-se com as lágrimas que ainda me sobram.

Num momento de loucura. No meu máximo. Fecho a janela e abro a porta do quarto. Desço as escadas, rapidamente. E, em meio segundo, encontro-me de novo com ela. Dessa vez, no quintal. Ela cai cada vez mais forte. A cada pensamento meu, ela fica mais intensa.

Tento resistir. É praticamente impossível. Sem mais nem menos, já estou junto a ela. Os pés descalços, o cabelo solto. A blusa vai ficando transparente, a calça já esta pesada. Tão pesada quanto à cabeça, já.

Olho pra cima. Digo pra chuva cair. Deixo a chuva cair. Molha meu corpo. Purifica minh’alma. Seca minhas lagrimas, leve-as com você. Pra qualquer rio. Pra lugar algum.

sábado, 8 de dezembro de 2007

De olhos fechados, eu lembro.


Te sinto aqui do meu lado.
Ouço sua risada tão de perto
E, sinto um alivio no peito.
-
Os olhos estão fechados...
-
A música está tocando.
O celular está vibrando.
E, sinto meu coração pulsar.
-
Suas palavras me dão força.
Seu carinho me protege.
E você me faz acreditar.
-
A distancia já não importa.
A hora, menos ainda.
Você sempre está ai.
-
Fecho os olhos e lembro.
Um abraço timido, eu lembro.
-
Fecho os olhos e penso.
Num abraço forte, eu penso.

Com os olhos fechados,
E com pensamentos distantes,
De você, eu lembro.
-
Então, uma lágrima me cai.
É a saudade que vêm.
É o amor que faz.

sábado, 1 de dezembro de 2007

"Quem me vê?"


Estão me olhando.
Eu sei, eu sei.
Me sinto estranha.
Não sei, não sei.

Estou quieta, parada.
Sentada. Estática.

Disfarço, abaixando a cabeça.
Disfarço, desviando o olhar.
Disfarçando, uma lágrima cai.

Continuam me olhando
Continuo estranha.
Ainda estou parada.
Não ves?

Disfarço...