quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O que faz mais mal para a saúde?





Hoje de manhã. Camiseta engraçadinha, porém já antiga, com a frase: "Troque seu coração por um fígado. Assim você se apaixona menos e bebe mais". 

"Minha filosofia de vida!"
"Espera até você se apaixonar." 
"Não, esquece isso aí. Se apaixonar faz mal pra saúde"
(...)
"É... beber também!"




domingo, 13 de outubro de 2013

11





Lembro com perfeição daquela madrugada do dia 13 de outubro. Já era tarde quando a mamãe me acordou pedindo o telefone da tia Fátima. Naquela época, a tia trabalhava no hospital. Eu acordei assustada, perguntei se estava tudo bem e, com um olho aberto e outro fechado, disquei os números, que hoje me fogem da memória.

Mamãe estava com dores e nós fomos para o hospital. Por três vezes repetimos o mesmo trajeto e da última vez ficamos. Eu não saberia dizer quem estava mais nervoso, ansioso: papai ou eu. Mas, lembro de querer estar perto de vocês o tempo todo.

Você não deve saber, mas a mulher quando está grávida e perto de ganhar o bebê sente muitas dores, são as chamadas contrações. Era o que a mamãe estava sentido. Eu tinha 13 anos, dois a mais do que você tem hoje, e sabia disso tudo. Ainda assim, não aguentei. Estava preocupada, queria que tudo desse certo. Deixei a mamãe com o papai no quarto e fui para a porta do hospital chorar.

Já era de manhã quando a mamãe entrou na sala de parto. Papai entrou logo atrás - não sei se ele já te contou, mas ele assistiu o seu nascimento. Eu fiquei sozinha. Andando de um lado para o outro, jogando o relógio pra cima, tentando fazer o tempo passar. Foi angustiante. Sabe quando você tem que esperar muito por uma coisa e quanto mais perto chega, mais ansioso você fica? Então, era mais ou menos isso que eu estava sentindo.

Meu coração batia rápido. Eu estava sentada na sala de espera quando a enfermeira levou você para o berçário.  Você nasceu às seis horas da manhã do dia 14 de outubro. E naquele momento em que eu te olhei pela primeira vez, entendi que minha vida iria mudar para sempre. Ali, eu prometi que seria a melhor irmã do mundo. Mesmo sem saber o que isso significava.

Aprendi com o tempo. Com os primeiros passos, as primeiras palavras, com as várias escolas e as lições de casa. Teve também a primeira recuperação, o primeiro dente a cair, a primeira camisa do time de futebol, o primeiro amistoso, a primeira vez no estádio. Sem esquecer dos primeiros conselhos, das dúvidas intermináveis e as primeiras perguntas capciosas.

Para falar a verdade, aprendo até hoje com os seus abraços, seus sorrisos e anseios de maturidade. Aprendo quando você me pede para ir no seu colégio ou para ser técnica do seu time do futebol. E até mesmo quando você diz, assim, meio sem saber, que quer ser jornalista também.

“Fica tranquila, Gá! Você é ótima jornalista, vai dar tudo certo”, você me disse recentemente. E ali percebi que falhei. Que não vou conseguir cumprir a promessa feita 11 anos atrás. Por que você é quem o melhor irmão do mundo.

Feliz aniversário, pequeno! Eu te amo muito!

sábado, 28 de setembro de 2013

Uma noite qualquer ou eu sei musicas de desenhos




-  I love you, you love me...
- Em inglês eu não sei, só sei a versão em português!
- O quê? Não... ninguém sabe a versão em português!
- Como não? Eu sei! 'Amo você. Você me ama, somos uma família feliz. Com um forte abraço e um beijo lhe direi: meu carinho é pra você!
- HAHAHAHA! Eu não acredito! Você sabe mesmo! Por quê?








segunda-feira, 12 de agosto de 2013

"Mas, pelo menos você trabalha com o que gosta"

Sexta-feira, 22 horas. Chego em casa, depois de um dia todo na rua, fazendo TCC. Fome, sono e cansaço é só o que restam em mim. Depois de um banho demorado, é hora do jantar.

Na cozinha, encontro minha tia. Dou um beijo na mãe, outro no irmão, uma tapa na cabeça da amiga e o oi obrigatório para a tia.

Entre uma garfada e outra. Eis o diálogo:

Eu: Estou de folga amanhã também.  

Mãe: Ah, é? Dois dias seguidos?

Eu, com um sorriso no rosto: É, vai dar para descansar!

Mãe: Mas, vai trabalhar no domingo, né?

Eu: Domingo eu trabalho.

Tia: Ué, não vai trabalhar no sábado, mas vai trabalhar no domingo?

Eu: Isso, trabalho um e folgo o outro.

Tia: Mas, domingo é dia dos pais... vai ter churrasco lá em casa... Você não vai?

Eu: É, não vai rolar. Vou ter que ir trabalhar...

Amiga: Ah, jornalista não tem muita escolha. Não tem pai, mãe, namorado, aniversário.

Eu: Carnaval, Natal, Ano Novo...

Tia, com cara de desânimo: Ah, entendi. Mas, pelo menos você trabalha com o que gosta, né? Você gosta, não gosta?

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Coisas da vida

"Jornal é prestígio. Televisão é popularidade. Rádio é prazer. Por que ele vai com a gente ao banheiro, à escola, ao ônibus, pra cama, pra cima, pra baixo.
O rádio fala. Mas também ouve." - Por Mauro Beting, aqui



Quando entrei na faculdade de jornalismo não sabia muito bem o que queria. Aliás, queria escrever, afinal. Mas sem qualquer pretensão. Não sabia para quem, por quem ou sobre o quê. Tão pouco tinha uma empresa favorita para destinar meus esforços. Falando a verdade, estar na faculdade já era a realização de um sonho, já era uma vitória. Não tinha pensado no depois.

Aos poucos as coisas começaram a ficar mais claras. Para me encontrar e saber como seguir voltei ao passado, à essência. Lembro de, com sete anos de idade, jogar três dentro, três fora, com os meninos da rua. Para desespero da minha mãe. Ali, sem saber, já lutava contra diversos pré-conceitos. E tinha uma tática: era a dona da bola. Assim, se eu não jogasse ninguém jogaria também. Sábado era uma festa. 


Os domingos, porém, eram sagrados. Sentava no sofá para acompanhar os jogos do meu time. Os olhos vidrados na tela. O mais legal de tudo era a torcida: “Pai, quando é que você vai me levar no estádio?”, perguntava ao meu velho. “Um dia, filha. Um dia!”, ele esquivava. E nem mesmo quando o jogo não era televisionado, eu deixava de acompanhar o campeonato. Corria para a garagem, me trancava no Uno Mille 1.0 cinza, ligava o rádio e caçava uma estação que estivesse transmitindo a partida. Na hora do gol, enchia o pulmão de ar e acompanhava o narrador: “goooooooool é do Corinthians”. 


No segundo ano de curso já tinha definido sobre o que queria falar e de repente tudo parecia muito óbvio. De primeira, o mundo do jornalismo esportivo parecia ideal e muito divertido. Foi quando fui apresentada à Filomena Salemme e sua paixão pelo rádio. Ensinava a partir das suas experiências, respirava rádio. Levou os alunos até ele e trouxe a rádio até a gente. Me inspirou. Por coincidência, a essa altura, estava estagiando numa Web Rádio. Sem qualquer salário, apenas com muita fome de bola. 


Por fim, apaixonei-me de vez. Todo dia era domingo, de sol, de Pacaembu. Aprendi muito. E nessa caminhada encontrei outras pessoas responsáveis por manter o fogo dessa paixão acesa. Quase que me fazendo esquecer que um dia estive perdida. Pois, para a minha surpresa, pouco tempo estava de fato empregada, com salário e vale refeição, coordenando, colocando no ar - e por vezes comentando - quatro transmissões simultâneas. Era um misto de tudo: eu, futebol, internet e rádio. 
Realizei sonhos que nem sabia que existiam. Me encontrei. 

Hoje, trabalho com televisão, tenho a vontade de trabalhar com texto. Mas, como disse Mauro Beting rádio é prazer, diversão e paixão.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Rotina


Todo dia de manhã a mesma coisa: gosta de acordar devagar, por partes. O despertador toca a primeira vez, ele desliga. Mais quinze minutos de sono. Toca de novo, ele, sem nem abrir os olhos, repete o gesto. Estica o braço, aperta o touch e faz o aparelho parar. Dessa vez são dez minutos sagrados. Daquele acorda não acorda. Queria continuar dormindo, mas preciso acordar. Na terceira vez em que o celular toca, a raiva e a impaciência com aquele barulho que lhe tira o sono, literalmente, atinge o ápice. Dá-se por vencido e abre os olhos de vez. 

Com calma, tira os cobertores de cima do corpo, senta-se na cama, liga a luminária. Estranhamente sente a boca seca, dá um gole na água. Tem sempre um copo no criado mudo. Lembra-se, então, da irmã e da ex-namorada. Pega de novo o telefone, dá uma olhada na caixa de e-mails e uma passada rápida pelas redes sociais. Gosta de saber o que está acontecendo. Mas, raramente interage com alguém. 

Antes de levantar, nota a garrafa de vinho no chão ao lado da cama. Faz sentido a boca seca. Por um segundo questiona-se se não está bebendo demais, ainda é a terça-feira. Desiste do pensamento. Coloca um pé no chinelo, mas não encontra o outro. Vai até o banheiro, faz xixi e apronta-se para entrar no banho: play no alto falante em cima da bancada e escova de dentes na boca. Dá aquela checada na hora pra saber quanto tempo tem debaixo do chuveiro. 

Enquanto Mick Jagger grita que você não pode ter sempre o que quer, mas que se você tentar algumas vezes você encontra o que precisa. Ele, que nunca foi bom em tomada de decisões, define que não pode mais levar a sua vida com a barriga. Não pode mais continuar vivendo naquele meio termo entre o ser e o não ser, estar e não estar.  

Ao mesmo tempo em que ensaboa a cabeça com aquele resto de shampoo barato, pensa nas alternativas que tem. Quando dá por si, está cantarolando a próxima música e esqueceu dos problemas. É por isso que gosta tanto de tomar banho acompanhado das suas bandas preferidas. A música - sempre disse ele - é o remédio da alma. 

Etapa banho cumprida, troca a das músicas para a rádio de notícias. O jornal da manhã vai começar. À medida que termina de se arrumar, fica sabendo de tudo que acontece pelo mundo. Principalmente o trânsito e no esporte. Adora o jeito como aquela repórter termina suas matérias, sempre imita a sua assinatura, o modo como divide a terceira e a quarta sílaba do seu sobrenome. Abre um sorriso. Bebe o café em um único gole e corre para a rua. 


**

Abre o portão. Pega o elevador. Aperta o sétimo andar. Agora é a vez da porta. Os ombros pesam. Nada do que tinha planejado aconteceu. Nenhuma daquelas resoluções arquitetadas no banho foram colocadas em práticas. Nem a mais simples delas que era diminuir a quantidade de cigarros. 

Joga a mochila na mesa, se joga no sofá. Tira um sapato, depois o outro. O celular apita. É mensagem daquele amigo pedindo ajuda sobre o encontro de daqui a pouco. Encaminha-se para a cozinha, pega uma cerveja na geladeira. Responde o amigo. Começam a conversar, falar sobre tudo e sobre nada. Abre a segunda e quando chega na terceira o amigo se despede, está saindo de casa. Ele lembra que está sozinho e vira a latinha, como faz com o café, de uma só vez. 

O corpo exausto de mais um dia cansativo pede por cama. No caminho até o quarto ele abre de novo a geladeira. Mais duas cervejas. No outro dia, tudo igual. 

terça-feira, 30 de julho de 2013

Falta Paz


Lágrimas frias escorrem pelo rosto
Feito rio, deságua na boca
De gosto salgado. 
Amargo gosto de fel. 

Um aperto que não cabe no peito
Que transborda nos olhos.

De tão imenso, sufoca. 
Tira o ar e o sossego
Deixa a angústia. 

Falta falta paz, nada mais. 

A cabeça que gira e gira
Feito um carrossel. 
Roda Gigante, roda de papel.